segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A Comunhão dos Santos


Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.” (1 João 4:19-21 RA)

Quero começar mencionando a alegria do meu coração por poder estudar e escrever sobre este assunto. E acredito que você também sentirá a mesma alegria, quando compreender o quão maravilhoso é estar unido a Cristo e aos demais irmãos.
O Credo Apostólico é objetivo ao tratar do assunto, pois afirma apenas crer na comunhão dos santos. Mas o que isso significa, e o que produz essa comunhão?
A comunhão dos santos é o resultado da união dos cristãos com cristo e, consequentemente, uns com os outros. Berkof e outros teólogos chamam esta união de união mística. Ela é assim chamada, por ser realizada pelo Espírito Santo de maneira misteriosa e sobrenatural (BERKOF, 2009, p.413). A Bíblia não nos explica como isso acontece, ela apenas nos afirma o ocorrido: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,” (Romanos 6:5) e também usa algumas figuras para ilustrar essa união: A pedra angular (1Pedro 2.4-9); A videira e os ramos (João 15.5); A cabeça e o corpo (Ef. 4.15-16). A união mística é espiritual e nos faz participantes das conquistas de Cristo e, ao mesmo tempo, faz Cristo participante dos nossos pecados. Assim, essa união é a base da nossa salvação. “A união com Cristo está em cada fase da nossa salvação, desde o início até o fim. Tudo se realiza em Cristo.” (ROSS, p.20) Mas além dos benefícios pessoais concernentes a salvação, “[...] a união dos crentes com Cristo fornece a base para a unidade espiritual de todos os crentes” (BERKOF, 2009, p.418). Cristo é o elo que nos une como família e povo de Deus.
Alguns dos produtos da Comunhão dos Santos já foram rapidamente apresentados no parágrafo anterior. Mas agora veremos as implicações dessa união de forma mais visível, ou seja, na relação entre os santos, que são aqueles que Cristo justificou e santificou por estarem unidos a ELE. Segundo a CFW-XXVI-II. “Os santos são, pela sua profissão, obrigados a manter uma santa sociedade e comunhão no culto de Deus e na observância de outros serviços espirituais que tendam à sua mútua edificação, bem como a socorrer uns aos outros em coisas materiais, segundo as suas respectivas necessidades e meios; esta comunhão, conforme Deus oferecer ocasião, deve estender-se a todos aqueles que em qualquer lugar, invocam o nome do Senhor Jesus. |Ref. Heb.10:24-25; At.2:42,46; I João3:17; At. 11:29-30.” Essa é uma realidade muito séria e que por vezes tem sido negligenciada. A comunhão dos santos implica em justa cooperação por parte dos crentes, a fim que sejamos reconhecidos como povo de Deus. Não é opcional, aos que professam a fé cristã, ser ou não ser suporte uns para os outros. Os exemplos que temos da Igreja de Atos procederam assim e as recomendações de João em sua primeira carta são claríssimas: “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1João 3:17-18). “O amor para com os outros é o distintivo e a prova de que o povo de Deus obedece a Cristo.” (ROSS, p.21)
“Devemos sentir a força da conclusão do apóstolo João: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.” (1 João 3:14). É o amor que nos faz misericordiosos diante das necessidades do outro e é a falta de amor que faz a pessoa negligente (Mt.25.31-46).” (ROSS, p.22).
A união  com  Cristo  nos agracia  com a salvação  e nos constrange com o dever de amar, o qual é a testemunha da nossa salvação, e o que possibilita a comunhão dos santos.

Referência Bibliográfica
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Traduzido por Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã. 3ª Ed. 2009. 720p.
ROSS, I.G.G. Curso Preparatório para  Pública Profissão de Fé. São Paulo: Cultura Cristã. Parte 2. 64p.

  

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Eu sei em que tenho crido! Mas e você?

O CREDO ATANÁSIO

ORIGEM

O Credo de Atanásio, subscrito pelos três principais ramos da Igreja Cristã, é geralmente atribuído a Atanásio, Bispo de Alexandria (século IV), mas estudiosos do assunto conferem a ele data posterior (século V).  Sua forma final teria sido alcançada apenas no século VIII. O texto grego mais antigo deste credo provém de um sermão de Cesário, no início do século VI.
O credo de Atanasio, com quarenta artigos, é um tanto longo para um credo, mas é considerado “um majestoso e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da dualidade de naturezas de um único Cristo.” 

TEXTO

1. Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal. 2. A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre. 3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade. 4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância. 5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra. 6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade. 7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo. 8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado. 9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado. 10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. 11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno. 12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado. 13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente. 14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente. 15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. 16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus. 17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor. 18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor. 19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores. 20. O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado. 21. O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado. 22. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente. 23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. 24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor. 25. Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada. 26. Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade. 27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo. 28. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem. 29. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe. 30. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana. 31. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade. 32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois mas um só Cristo. 33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade. 34. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa. 35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo. 36. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia. 37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. 38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de sua obras. 39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno. 40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.

NOTAS

* Extraído de Paulo Anglada, Sola Scriptura : A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Os Puritanos, 1998), 180-82.
A. A. Hodge, The Confession of Faith ( Edinburgh & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1992 ), 7.
O termo universal traduz a palavra católica , a qual também poderia ser traduzida por geral .

Traduzido a partir do inglês de A. A. Hodge, Outlines of Theology ( Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991), 117-118.

Este texto foi extraído na íntegra do Site Monergismo.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Oficiais da Igreja Primitiva, os ofícios usados por Deus para edificação da sua Igreja no Primeiro Século.


Desde o princípio, Deus usou homens capacitados por ELE para determinados fins e tudo com o propósito maior de dirigir o Seu Povo. Esses homens não possuíam nenhuma capacidade sobrenatural, algo como poderes mutantes ou paranormais. Todos eles eram homens normais em essência, mas na prática, nem tão normais, pois não é todo dia que vemos alguém orando e fogo descendo do céu, e outro fazendo os astros celestiais estacionarem em suas orbitas até que o Povo de Deus obtivesse a vitória. O que os diferenciava esses homens dos demais era a capacitação vinda da parte do Espírito Santo de Deus.
No Antigo Testamento essa capacitação era intermitente e com fins específicos. Mas essa realidade mudou a partir do derramar do Espírito no Pentecostes, outrora profetizado por Joel em seu livro (Joel 2.28). Na nova dispensação, Deus passa a conduzir seu povo através da ação do Espírito Santo na vida de homens escolhidos para este fim, conferindo a estes dons espirituais, habilitando e capacitando-os para exercer seus ofícios dentro da Igreja do Senhor, ou seja, o novo Israel.
No contexto da Igreja Primitiva só encontramos duas classes de oficiais: Presbíteros e Diáconos. Estes eram os homens responsáveis por conduzir a Igreja do Senhor Jesus nos primeiros séculos.

Os presbíteros eram os líderes e se dedicavam à direção das igrejas, ao ensino da doutrina cristã e à pregação do evangelho. A palavra grega “presbyteros” quer dizer "ANCIÃO". Nos tempos do NT os presbíteros também eram chamados de BISPOS. Tudo isso implicava no ofício de supervisionar o bom andamento da Igreja em todas as suas áreas. Os próprios apóstolos eram presbíteros (1Pedro5.1), mas os demais presbíteros não são apóstolos, pois o colégio apostólico estava restrito àqueles que acompanharam o ministério de Jesus. Podemos ver isso muito bem descrito em Atos: “20b Tome outro o seu encargo (bispado). 21 É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, 22  começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição. 23  Então, propuseram dois: José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias. 24  E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido 25  para preencher a vaga neste ministério e apostolado, do qual Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar. 26  E os lançaram em sortes, vindo a sorte recair sobre Matias, sendo-lhe, então, votado lugar com os onze apóstolos.” (Atos 1:20-26).
Portanto, qualquer reivindicação de credencial apostólica nos nossos dias é absurda, para não dizer mentirosa. Pressupondo que nenhum dos que testemunharam os eventos descritos no texto de Atos estão vivos, podemos dizer categoricamente que não existem mais apóstolos entre nós.
O último homem chamado para o apostolado, foi Paulo, o qual não se julgava merecedor dessa graça, chamando a si mesmo de “nascido fora de tempo”. “8  e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. 9  Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. 10  Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.” (1 Coríntios 15:8-10) Mesmo nascido fora de tempo, Paulo atendeu às credenciais apostólicas e fora constituído “apóstolo dos gentios” Rm.11.13.

A outra classe de oficiais que auxiliavam os presbíteros na condução do povo de Deus, eram os Diáconos:

Os diáconos eram pessoa que ajudavam nos trabalhos de administração da igreja e cuidavam dos pobres, das viúvas e dos necessitados em geral. O diácono também pregava o evangelho e ensinava a doutrina cristã. Este oficialato foi instituído pelos apóstolos em Atos 6.1-7. Em função do crescimento da igreja, os apóstolos ordenaram a escolha de sete homens, crentes fieis que pudessem assistir os necessitados da Igreja.
Junto com os presbíteros, os diáconos compunham a liderança da Igreja local, sobre a qual, os “plantadores de igreja” constituíam esses líderes primeiro, para depois seguirem no desbravar de novos campos (1Tm3.8; Tt.1.5-9).

Mas infelizmente, o que vemos ao longo da história, e especialmente em nossos dias, é uma crescente variedade de títulos eclesiásticos. Homens se “consagrando” apóstolos, patriarcas, arcanjos, papado, sacerdotes e tantos outros. Tudo isso em busca prestígio e reconhecimento dos homens. Pois aqueles que o Senhor reconhece são aqueles apresentados acima.
Acredito que pelos constantes escândalos envolvendo líderes de igrejas, títulos tão belos como pastor, vem perdendo valor por parte da sociedade. Daí surge a necessidade de novos títulos, mas de nada adianta trocar o rótulo e conservar dentro de si a podridão do mundo e do pecado.


Homens do Senhor, não busquem para vocês títulos, mas busquem fazer a vontade de Deus. O ÚNICO MERECEDOR DE RECONHECIMENTO E DE TODOS OS SANTOS TÍTULOS É O NOSSO SENHOR JESUS. Nós não passamos de servos inúteis.


Apêndice:
Formula: Como Identificar um Verdadeiro Apóstolo

Viu o Senhor: 1Coríntios 9.1, 15.8;

Foi Escolhido e Enviado pelo Senhor: Lucas 6.13; João 6.70; Atos 9.15, 22.21;

Testemunhou sua ressurreição: Atos 1.22; 1Coríntios 15.8-15;

Lançaram e Formaram o alicerce da Igreja, da qual Jesus é a Pedra Angular: 1Coríntios 3.10; Efésios 2.20;

Qualquer pessoa que não cumpra tais requisitos, não é apóstolo, e sim um impostor: Apocalipse 2.2; 2Coríntios 11.13-15; 2Timóteo 3.13;

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terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Igreja - Efésios 3.1-13

Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios, se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros; pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente; pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito, a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho; do qual fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder. A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas, para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor, pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele. Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, pois nisso está a vossa glória.” (Efésios 3:1-13 RA)

A maioria dos nossos estudos anteriores trataram de assuntos pouco "palpáveis", uma vez que tratamos separadamente acerca do Deus Trino. Porém, neste estudo trataremos de algo mais visível, que é a Igreja do Senhor.
Mas, o que é a Igreja? Seria uma instituição? Um prédio? O Catecismo Maior de Westminter, em resposta a pergunta de número 62 diz: “Igreja visível é uma sociedade composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares do mundo, professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos - 1Co 1.2; 12.12-13; Rm.15.1-12; At.2.39” Dessa forma, já podemos concluir que o termo “igreja” se encontra empobrecido em nossos dias, pois quando se fala de igreja, logo surge à mente a imagem de um lugar, ou uma instituição. Mas queremos mudar isso através desse breve estudo.
Geralmente, o termo ekklesia é usado no Novo Testamento para se referir à Igreja. Seu significado é “chamado para fora”. Sua raiz está ligada à convocação feita para que as pessoas de uma determinada cidade se reunissem em assembléia para receber instruções (BERKHOF, 2009, p.511). No Velho Testamento, esta assembléia estava restrita a nação de Israel. Essa realidade muda no N.T. pois Cristo comprou para si um povo que não esta restrito a uma etnia (Ap.5.9; Gl.3.28), mas estão espalhados por todo o mundo. A totalidade dos salvos em Cristo, formam a Igreja de Cristo.
Em um mundo onde se abrem igrejas a todo instante, como saber qual é a verdadeira Igreja de Cristo? A comunidade dos salvos em cristo, a verdadeira Igreja, tem características inconfundíveis: “[...] pode-se dizer que a fiel pregação da Palavra e seu reconhecimento como padrão de doutrina e vida, é a marca por excelência da Igreja.” (BERKHOF, 2009, p.529). Mas Berkhof, ainda nos lembra que alguns reformadores também agregavam a fiel administração dos Sacramentos (Batismo e Santa Ceia) e o fiel exercício da disciplina. O que, na verdade, deriva da primeira marca, que é a fiel pregação da Palavra.
 Outras características importantíssimas na vida da Igreja são: Santidade—“Uma comunidade que não tem as evidências claras de uma santidade bíblica não pode ser reconhecida como igreja cristã.” (ROSS, p.17); Evangelização—“Tudo o que a Igreja é, ela o é para evangelização. Nesse ponto, a Igreja só glorifica a Deus corretamente se ela for uma igreja evangelizadora. Fora desse foco, a Igreja vira clube, ‘roda de amigos’, lugar de religiosos, menos A Igreja de Jesus Cristo.” (Luciano Sena, MCA); Liderança segundo os padrões Bíblicos— A verdadeira Igreja tem um único cabeça, que é Cristo (Ef.4.15; 5.23; Cl.1.18). Cristo não deixou um sucessor, mas encarregou os seus apóstolos de anunciarem o seu Evangelho. A Igreja apostólica era liderada por presbíteros (At.11.30; 14.23; 15.2-6; Tito 1.5; Tiago 5.14; 1Pedro 5.1- Os próprios apóstolos eram presbíteros, que é o mesmo que bispo, ancião e pastor) e diáconos (Atos 6.1-6; Filipenses 1.1; 1Timóteo 3.8-13). Assim, qualquer reivindicação de cargos eclesiásticos que fujam a estes, estão fora dos padrões bíblicos, tais como apóstolos, patriarcas, sacerdote e papado (Em breve estaremos tratando do assunto com mais detalhes).
Para finalizar, “Jesus ensinou que na Igreja organizada haveria sempre pessoas que pensariam ser cristãos e passariam por cristãos, alguns certamente tornando-se ministros, mas que não foram renovados no coração e, portanto, seriam expostos e rejeitados no juízo (Mt.7.15-27; 13.24-30)” (PACKER, 2004, p.173).
Deus sabe quem é a sua Igreja. Busquemos conhecê-la e ser parte dela.

Referência Bibliográfica
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Traduzido por Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã. 3ª Ed. 2009. 720p.
PACKER, J.I. Teologia Concisa. Traduzido por Rubens Castilho. São Paulo: Cultura Cristã. 2ª Ed. 2004. 224p. 
ROSS, I.G.G. Curso Preparatório para  Pública Profissão de Fé. São Paulo: Cultura Cristã. Parte 2. 64p.




quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Vídeo: O que é a Igreja?

De uma forma simples e animada, este vídeo nos mostra um pouco a respeito da Igreja. O que ela é, e qual o seu propósito. Assista e na próxima postagem estaremos tratando do assunto mais detalhadamente. Até lá.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Quando Deus diz: “BASTA!”

15  O SENHOR, Deus de seus pais, começando de madrugada, falou-lhes por intermédio dos seus mensageiros, porque se compadecera do seu povo e da sua própria morada. 16  Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do SENHOR contra o seu povo, e não houve remédio algum.” (2 Crônicas 36:15-16 RA)

Introdução;

Lembro de algumas coisas da minha infância que, vez ou outra, acabo associando com algumas histórias da Bíblia. Principalmente quando comparo a disciplina que me foi dada pelos meus pais com a disciplina administrada por Deus para com o seu povo.
Lembro-me de minha mãe me chamando a atenção por uma coisa ou outra e dizendo: “quem avisa amigo é”. Minha irmã, antes de aprender a falar direito, repetia mais ou menos assim: “visa, visa, visa é.” O objetivo dela ao dizer isso era mostrar que ela queria o nosso bem, por isso estava avisando para que não precisasse ser tomada mais nenhuma medida disciplinar.
Mas e quando os avisos não surtiam efeito? Ou seja, éramos advertidos, parávamos por alguns instantes, mas logo em seguida, voltávamos a aprontar. Quando as advertências não surtiam efeito, o chinelo entrava em ação, às vezes a vara. Porém o mais temido dos castigos não era nenhum dos dois. O pior de todos era ficar de castigo no banheirinho. Esse era o terror.  Pense num lugar sem jeito, era lá.
Frio, escuro e não tinha absolutamente nada para se fazer, era pior que o exílio. Mas por algumas vezes eu fui mandado pra lá. Por falta de amor? Certamente não, mas isso acontecia quando minha mãe dizia BASTA, cansei de avisar, ta na hora de agir.
Elucidação:
O livro das Crônicas não conta história de crianças, mas do povo de Deus que se comportava como uma criança arteira: Aprontava, era advertida, recebia algumas palmadas dos povos vizinhos e acabavam se voltando para o Senhor arrependidas. Mas passava-se algum tempo, voltavam para o erro e começava tudo de novo.
Rei após rei Deus demonstrava sua misericórdia e amor, (visa, visa, visa é) até que Deus disse BASTA. E ESSE É O TEMA DA NOSSA MENSAGEM, QUANDO DEUS DIZ: BASTA.
Mas o que pode levar um Deus que misericordioso, amoroso, benigno a dizer BASTA para seus próprios filhos?
1-    Quando não o escutamos;
O texto que lemos é muito claro ao apontar para o amor e misericórdia de Deus, pois diz que desde a madrugada o Senhor falou-lhes por intermédio dos profetas e até da própria Lei, pois em Levítico 26.33-39 e Deuteronômio 28.32-37, quando Deus estabelece aliança com seu povo ELE já apontava para as conseqüências da desobediência, igual a minha mãe.
Mesmo assim o povo desprezava as palavras do Senhor, e este, por ser misericordioso, enviava seus profetas para relembrá-los. Às vezes eram escutados por algum tempo, outras os desprezavam por completo. Como o próprio Jeremias que era o profeta nesse tempo. Jeremias 36.20-26, quando Jeremias entrega uma carta ao rei Zedequias, ele queima o rolo sem dar a mínima para os avisos ali contidos.
Quantas vezes, ainda hoje fazemos a mesma coisa, estamos sendo advertidos por Deus em pregações, quando lemos a palavra e não lhe damos ouvidos. Não rasgamos a Bíblia ou lhe colocamos fogo literalmente, mas nossas ações fazem muito pior.

2-    Quando zombamos dele;
Muito pior que não ouvidos a palavra do Senhor é zombar de sua mensagem, desprezá-la em seu coração e nos seus atos, como se Deus não existisse, ou como se ELE estivesse todo entrevado, incapaz de exercer juízo sobre nós.
O verso 15 apontou para o não escutar da mensagem, mas o 16 fala sobre o que faziam com os mensageiros. Zombarias, desprezo e mofavam. Que significa escarnecer, aplicar maus tratos. Jeremias sabia muito bem disso, pois ele sofreu terrivelmente com o povo de Deus. Além ter sua mensagem ignorada, ele sofreu maus tratos: “Tomaram, então, a Jeremias e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; desceram a Jeremias com cordas. Na cisterna não havia água, senão lama; e Jeremias se atolou na lama.” (Jeremias 38:6 RA).
Por muito tempo o povo esteve envolvido nessas práticas, até que chegou o dia em o Senhor não mandou mais recados, POIS NÃO HAVIA MAIS RÉMEDIO. E sim a espada e a morte. O justo castigo pela negligência e as zombarias para com o Senhor e sua Palavra. Gálatas 6.9 “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6:7 RA)
Quem planta zombaria e desprezo colhe cativeiro e destruição.

CONCLUSÃO
17  Por isso, o SENHOR fez subir contra ele o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens à espada, na casa do seu santuário; e não teve piedade nem dos jovens nem das donzelas, nem dos velhos nem dos mais avançados em idade; a todos os deu nas suas mãos. 18  Todos os utensílios da Casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da Casa do SENHOR e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou ele para a Babilônia. 19  Queimaram a Casa de Deus e derribaram os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram, destruindo também todos os seus preciosos objetos.” (2 Crônicas 36:17-19 RA)

Todo o povo, começando dos seus líderes, estava totalmente obstinado a fazer o mal v. 11-14. Assim foi necessário mandá-los para o banheirinho, o cativeiro na Babilônia e lá faziam o que está descrito no salmo 137.1-4 (“1 Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. 2  Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas, 3  pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião. 4  Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha?”)
Não espere o Senhor dizer: BASTA PRA VOCÊ. Repare bem que não é o pecado em si que condenou o povo, pois quando há arrependimento verdadeiro, Deus está sempre disposto a nos perdoar. O que levou o Senhor a dizer BASTA foi a negligência e as zombarias para com a sua Palavra. Para isso não há remédio a não ser o cativeiro.

Que Deus abençoe sua vida e tenha misericórdia.